Nossa mente trabalha o tempo todo, sem mesmo pararmos para pensar em como ela funciona. A mente humana tem tantas formas de pensar, que de acordo com o Marvin Minsky, um dos pioneiros em inteligência artificial e ciência da computação, a mente pode ser explicada se for dividida em diversas camadas e níveis de pensamento, desde níveis maiores até níveis mais baixos e primitivos de conhecimento. Ele destaca, por exemplo, a dor, como uma das formas mais primitivas que altera nossos objetivos e pensamentos de longo prazo para sanar o mal que ela nos causa. No entanto, algumas pessoas tem uma certa realização de passar pela dor e pelo desconforto quando quer atingir um objetivo maior.

Desejos podem ser momentâneos ou crescentes quando somos recompensados de alguma forma. Esta recompensa nem sempre é consciente. Nossa mente tem diversas “artimanhas” para dizer como a gente deve se comportar e enfrentamos uma briga eterna entre nossa força de vontade, desejos e mudanças de planos que muitas vezes nem conseguimos explicar e afeta nossas decisões do dia a dia.

Quando paramos para pensar na “na superfície” do nosso pensamento, não damos conta de que ele é quebrado em diversos níveis até atingir as camadas mais baixas de forma similar ao processamento de uma linguagem de computação. A questão é que no caso do ser humano, não conseguimos nos reduzir ao código binário. O ser humano é equipado por um tipo de processamento complexo e integrado para se adaptar em diversos contextos, e a característica social humana varia de acordo com o ambiente e situação.

Ser orientado a objetivos não é a única coisa que nos diferencia de uma máquina. O ser humano tenta encontrar um propósito, com desejos e anseios que muitas vezes tem relação com o ambiente e cultura, mas que de forma não prevista ela pode divergir de todos os padrões de decisão estabelecidos pela sociedade, e até mesmo por nós mesmos quando temos a sensação de que a decisão vem de alguma parte dentro de nós que não é necessariamente o “eu central”.

É possível ir além dos limites da mente? É possível prever todo o funcionamento mecânico do cérebro um dia, e assim desmistificando a dualidade de Descartes?

Nos primórdios da história do pensamento uma das questões levantadas dizia que é possível desvincular a mente do corpo, e Descartes acreditava que havia uma ligação entre a mente e o corpo através da glândula pineal, esse lugarzinho especial no nosso cérebro, feito de cristais (apatita), que é no mínimo, curioso.

Seria o ser humano então apenas uma máquina de pensar? Uma máquina de pensar que pensa?

Em O Erro de Descartes, Antônio Damasio, uma grande figura nos estudos de neurociência, tenta mostrar como a integração dos vários processos cerebrais estão totalmente ligados a emoção e tudo que conhecemos como a mente. Desta forma seria totalmente plausível pensar no cérebro como o centro das emoções, dispensando a necessidade de uma explicação dualista para entender a mente humana.

Estas questões são fundamentais quando desejamos responder as questões de inteligência artificial e atribuição do homem com uma máquina complexa o suficiente para ter criados níveis de pensamento e consciência.

Será que o que lhe impede de responder à questões sobre si mesmo acerca da sua mente seja apenas questão de ser uma limitação motora, mecânica de um confinamento cerebral que nos divide entre imaginação e realidade? Através da evolução, o homem evolui na criação de um mundo interno, onde ele é alma, viaja no tempo e imagina o que se possa imaginar, e talvez as limitações estão baseadas apenas no que o mundo físico proporciona. Então podemos ter a sensação dualística de separação entre mente e corpo, mas tudo isto poderá ser somente uma ilusão criada pela máquina de pensar para que não seja possível chegar no “código fonte” dela.

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